quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Morreu o radialista Luiz Mendes - que teve suas primeiras experiências radiofônicas em Ijuí - aos 87 anos, no Rio de Janeiro



Esposa Dayse Lúcide e Luiz Mendes

O jornalista e historiador Ademar Campos Bindé nos presenteou com uma excelente biografia e apresentação da vida e obra do radialista Luis Mendes que teve grande atuação nos anos 30 na cidade de Ijuí. Artigo publicado na coluna "História" do jornal "O Repórter", do dia 04/06/2008.

Uma pequena biografia de Luiz Mendes:

Luiz Mendes chama-se Luiz Pinêda Mendes. Nascido em 09 de junho de 1924, em Palmeira das Missões, interior do Rio Grande do Sul, é filho de Joaquim Mendes e Maria Del Carmen Pinêda, que é argentina. Luiz nasceu e se criou nos “pampas”. Infância livre de gaúcho. Descalço, em meio ao gado e aos cavalos. Muita liberdade e muito horizonte. Um pouco preguiçoso para estudar, leu, porém, todos os livros que pode ler. Começou a trabalhar numa estação de auto-falantes, em sua própria cidade. (Na verdade na cidade de Ijuúi, RS). Vendo aquilo que ali se montava, ainda garoto, apresentou-se com “cara e coragem”. 
Era aquela coisa de “fulano dedica a fulano”, “a esposa dedica a seu amado esposo”. Ganhou um dinheirinho com aquilo e escolheu sua profissão. Gostava também de futebol, e jogava no time juvenil. Depois foi para a capital, Porto Alegre, e fez teste na Rádio Farroupilha. Passou, e foi contratado como locutor. Havia comprado um radinho, ainda no interior, e foi nesse primeiro rádio que ouviu a voz de Dayse Lúcide, menina, numa peça de rádio-teatro. Encantou-se com aquele trabalho, mas nunca poderia imaginar que seria ela sua esposa, para toda a vida. Foi, logo depois, para o Rio de Janeiro. Segundo ele, sempre gostou de “ganhar horizontes”. Havia já passado para a locução esportiva. Era a Rádio Globo, para onde ingressou em 1944. Estava com 19 anos e disposto a conquistar o Rio de janeiro. Heron Domingues, grande locutor da época, o apoiou e foram morar juntos, numa pensão chamada “Renascença”. Ficaram muito amigos. Como havia feito sucesso como locutor esportivo, na Rádio Farroupilha, embora tenha sido contratado para a locução comercial, logo passou aos esportes, pois Galiano Neto, o titular, faltou a uma transmissão. Alvoroço, confusão, Luiz Mendes logo disse: “Eu posso transmitir isso”. Afinal, era a bola redonda, o gramado parelhinho, as regras as mesmas..... No dia seguinte foi chamado pelo Presidente das Organizações Globo, Roberto Marinho, e foi conversar com ele na redação de O Globo. Passou a locutor esportivo da Rádio Globo. Mas começou fazendo “ginástica”, pela manhã, e trabalhos menores. Mas Galiano saiu e Luiz Mendes passou para o seu lugar. E ganhou o seu espaço no coração dos ouvintes. Houve, em 1946, um concurso com o público carioca, para saber quem era o melhor locutor esportivo da cidade. Para espanto de todos, o gaúcho ganhou, concorrendo com os grandes nomes de então. Foi para a TV Rio e, por 15 anos, não fez rádio. Deu-se bem também na televisão. Com um estilo em que ressalta qualidades e não descreve o óbvio, foi agradando. Fez, por muito tempo o programa “TV-Rinque”, e “A Grande Revista Esportiva Facit”. Participou da primeira transmissão à cores, no Rio de Janeiro. Foi no dia 19 de fevereiro de 1972. Com seu trabalho sempre realçado, participou de 13 Copas do Mundo, das 16 que existiram. Não fez as três primeiras, por ser criança. Mas de quando começou, foi convidado sempre, até 1998, na França. Passou a comentarista na Rádio Globo. Ganhou muitos troféus. Passou para a TV Globo. Quando a Rádio Globo fez 70 anos, ganhou uma placa comemorativa, das mãos do próprio Roberto Marinho. Isso muito o emocionou. E assim foi a vida do gaúcho Luiz Mendes. Casado há 51 anos com a radioatriz Dayse Lúcide, tem um filho, que lhe deu netos e agora uma bisneta. Fez amigos pela vida afora. Não teme a Deus, mas o respeita, acima de tudo. Sua vida foi de vitórias, de ponta a ponta. E de trabalho e de alegrias. E diz, completando o que pensa de suas conquistas: “É que segui sempre o caminho do bem”. Esse é o gaúcho Luiz Mendes. Um brasileiro feliz.


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